JEAN BURIDAN

JEAN BURIDAN

O Asno de Buridan é um paradoxo em filosofia sobre o conceito de livre arbítrio. Refere-se a uma situação hipotética em que um asno é colocado à mesma distância de um fardo de palha e um recipiente com água.

O Asno de Buridan é um paradoxo em filosofia sobre o conceito de livre arbítrio. Refere-se a uma situação hipotética em que um asno é colocado à mesma distância de um fardo de palha e um recipiente com água. Uma vez que o paradoxo assume que o asno irá sempre para o que estiver mais perto, ele irá morrer de sede e de fome, uma vez que não pode tomar nenhuma decisão racional sobre a escolha de uma ou de outra hipótese.

O paradoxo tem este nome devido ao filósofo francês do século XIV, Jean Buridan, cuja filosofia de determinismo moral, satiriza. Filósofo ocamista, ensinava o determinismo psicológico de acordo com o qual o homem quer necessariamente o bem que lhe parece o melhor. Fernando van Steenberghen no entanto, afirma que este exemplo inexiste nas obras de Buridan mas que pode provir de seu ensino oral ou então ter sido inventado por adversários para ridicularizar sua doutrina.

Na sua obra Sobre o Céu, Aristóteles já se refere ao paradoxo.

 

Jean Buridan

"Expositio et Quaestiones", em Aristóteles De Anima, por Johannes Buridanus, 1362.

Jean Buridan (em latim: Joannes Buridanus; 13001358) foi um filósofo e religioso francês.

Embora tenha sido um dos mais famosos e influentes filósofos da Idade Média tardia, ele está hoje entre os nomes menos conhecidos do período. Uma de suas contribuições mais significativas foi desenvolver e popularizar da teoria do Ímpeto, que explicava o movimento de projéteis e objetos em queda livre. Essa teoria pavimentou o caminho para a dinâmica de Galileu e para o famoso princípio da inércia, de Isaac Newton.

A pouca atenção dada a Buridan parece estar ligada ao fato de ele ter sido um padre secular, ou seja, era um clérigo que não estava afiliado a uma Ordem religiosa. A maioria dos intelectuais da Idade Média Clássica estiveram ligados a ordens como a dos Franciscanos e Dominicanos, essas ordens sempre tenderam a preservar e cultivar a memória e os escritos de seus mestres mais ilustres - o que facilita o trabalho dos historiadores. Também ocorre o simples fato de que ainda há muito trabalho por fazer na área de estudo da filosofia medieval, muitos mestres importantes, tanto seculares quanto religiosos, ainda estão a esperar a tradução de seus trabalhos para as línguas contemporâneas.[1]

Sobre Buridan, Pierre Duhem, historiador das ciências, comenta:

Jean Buridan teve a incrível audácia de dizer: Os movimentos dos céus estão submetidos às mesmas leis dos movimentos das coisas cá de baixo, a causa que mantém as revoluções das esferas celestes é a mesma que mantém a rotação do rebolo do ferreiro; há uma Mecânica única pela qual se regem todas as coisas criadas, a esfera do Sol e o pião que o menino põe em rotação. Jamais houve, talvez, no domínio da ciência física, revolução tão profunda, tão fecunda quanto esta. (DUHEM, Pierre. Histoire des doctrines cosmologiques de Platon à Aristote, tomo VII, pp. 328-340.)

  

O asno de Buridan

O paradoxo conhecido como o asno de Buridan não foi originado pelo próprio Buridan. É encontrado na obra De Caelo, de Aristóteles, onde o autor pergunta como um cão diante de duas refeições igualmente tentadoras poderia racionalmente escolher entre elas.

Buridan em nenhum momento discute este problema específico, mas sua relevância é que ele defende um determinismo moral pelo qual, salvo por ignorância ou impedimento, um ser humano diante de cursos alternativos de ação deve sempre escolher o maior bem. Buridan defendia que a escolha devia ser adiada até que se tivesse mais informação sobre o resultado de cada ação possível. Escritores posteriores satirizaram este ponto de vista imaginando um burro que, diante de dois montes de feno igualmente acessíveis e apetitosos, deveria deter-se enquanto pondera por uma decisão.

Esta questão é motivo de reflexão até hoje, em especial por teóricos da Inteligência Artificial.

 

Bibliografia

  • LANDI, Marcello. Un contributo allo studio della scienza nel Medio Evo. Il trattato Il cielo e il mondo di Giovanni Buridano e un confronto con alcune posizioni di Tommaso d'Aquino, in Divus Thomas 110/2 (2007) 151-185.

"I'm a sugar man in the land of ants." (Sheldon Lee Cooper - The Big Ban Theory).

https://plato.stanford.edu/entries/buridan/ acesso em 09 de abril de 2017.